Olá pessoas maravilhosas que insistem em ler minhas postagens. Como vocês estão ? Bom, o título dessa postagem se chama âncora. Alguns podem interpretar âncoras como um objeto bem pesado que mantém um embarcação paradinha na água. Que de fato, o sentido literalmente normalmente é esse. No caso dessa postagem, a âncora não tem a finalidade de segurar embarcações reais. A âncora tem todo seu sentindo literal ignorado. Em vez de segurar embarcações, a âncora passa apenas a ser um momento de pausa ao aportar um universo. Amizades mais próximas sabem que eu considero cada ser vivo que interage comigo como universo ou quadro.Tanto faz o termo que eu dou nas poesias, no final, apenas estou falando de pessoas. A âncora normalmente é vista nas minhas poesias, mas de forma muito implícita. Quase não se percebe. Mas cada poesia que escrevo para certos universos, é a âncora implícita. Por que falar sobre âncoras tão inesperadamente? Há muito tempo, eu não tinha muita pretensão de manter os universos sempre tão próximos. Minha tendência de isolamento afastava muito as pessoas mais especiais. Com o tempo, isso foi mudando. Novas necessidades foram me preenchendo. Universos novos aportaram e eu comecei a desenvolver novas relações. Infelizmente, a âncora nessa época, ainda tinha tendência de realmente me prender a esses universos. Mas coisas acontecem. E eu continuava preso a esses universos. Não só me deixava preso como um cordão umbilical, como me fazia buscar todo o essencial no mesmo universo. Entretanto, as coisas internas mudaram. As coisas não funcionam dessa forma tão rudimentar. A âncora então passou a sumir dos meus versos, e deixou de ser um peso tão intenso. O ano de 2017 tornou a âncora em um momento. Não sendo necessário ficar preso a nenhum universo. Da mesma forma flexível que o mundo é em sua essência. Mas o porquê de escrever um artigo sobre algo que já foi resolvido é o simples fato de que essas coisas acontecem. Tem vezes que é preferível deixar de tocar na ferida e deixar a gravidade precipitar tudo. E nessas linhas que encontramos dor no peito, é que entram as poesias. O ato de escrever é simplesmente o ato de tocar na ferida cirurgicamente. Removendo cada nódulo de lugar. Com o tempo, a ferida vai cicatrizando a cada poesia escrita e o poder de ser algodão vai aparecendo. Tive muitas assinaturas em momentos diferentes da vida. Mas o ato da caneta ainda é a arma mais incrível contra o ato de curar de mim. O ato de curar de mim simplesmente não existe. A coisa mais proveitosa da caminhada, são os detalhes que aparecem pelo caminho, e a forma como lidamos com os detalhes. Passei por momentos em que a minha vontade primordial era fugir de mim. A vontade de me curar de tudo o que eu sou, do meu cansaço por um monte de regras internas, protocolos, contratos e todas as outras cores que eu detesto fazer. Mas não existe remédio que cure ou qualquer outra coisa que permita apagar todas essas cores. E ainda hoje, algumas cores ainda me assombram. Mas se não há como curar de si mesmo, o que há de fato? O que há são caminhos alternativos. Maneiras de improvisar e fazer graça com as cores que já estão aqui. Sejam em poesias, em projetos de eletrônica, escrevendo cartas, tentando organizar o livro ou falando com meus universos favoritos, o ato de curar de mim parou totalmente a avenida. E se transformou no ato de me continuar. O simples ato de viver coisas que Clarice Lispector era ótima em descrever em todos os seus contos. O simples ato de descrever os detalhes em natureza como Pablo Neruda fazia com sua amada. O ato de simplesmente continuar nadando, como dizia Dory do procurando nemo. O continuar não é tão simples. Ele exige esforço, criatividade e muita força de vontade. Não é fácil ir ao mercado e talvez mudar completamente o modo de agir para um modo mais seguro possível. Mas como um bom desenvolvedor que fui durante minha vida inteira, as vezes não precisamos escrever a roda inteira novamente. Nem culpar o sistema operacional pelo problema atual. O ato de depurar(é o processo de encontrar e reduzir defeitos num aplicativo de software ou mesmo em hardware – fonte: wikipedia) e assim encontrar novas maneiras de lidar com a pedra é simplesmente o ato de amor próprio mais fantástico de todos. Há anos atrás havia um sentimento tão grande de incapacidade por tantas cores muito intensas e nunca conseguir lidar muito bem com elas. Uma necessidade de conter tudo isso em todos os momentos( coisa que nunca deu certo). Mas meus amigos, hoje não. É tão inviável conter. Tão desumano. Um ato que eu sempre cometi e omiti. Mas o ato de hoje compreender tudo o que passou e tudo o que pode ser, é simplesmente lindo. É como escrever o ato de continuar involuntariamente. E como eu disse em alguns artigos passados, existem poesias que não podem ser escritas. Apenas vividas. E o ato de continuar é simplesmente isso. Um passo que vem, como outros que vão. Fiquem bem. E fiquem com essa imagem super fofa da Dory, do procurando nemo.