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Sobre os universos e quadros

Olá pessoas incríveis e que firmemente se encontram aqui, lendo esse belo texto que escrevo às 06:45 da manhã. Bom, é comum que em alguns versos, ocorra uma metáfora com universo e quadro. Ambos são apenas pessoas. Acho que chamar pessoas de pessoas é algo muito banal e não consegue se aproximar tanto de como eu realmente vejo as pessoas que me cercam. Infelizmente, as palavras nunca chegarão com tamanha fidelidade ao sentimento verdadeiro. Esse é um problema que você encontrará em qualquer instrumento de medida física como régua, esquadros e coisas que meçam coisas. Há sempre uma pequena parte que você perde ou duvidosa. Físicos chamam esses valores de algarismos significativos. Números cuja última parte tem uma parte duvidosa. Esse é o problema que encontramos ao medir certas coisas. A exatidão é mera questão de formalidade. Essa é a parte fascinante que vejo quando descrevo as coisas invisíveis em palavras. Cansado de sempre criar palavras novas, coisa que não gosto muito de fazer, acho mais fascinante definir um todo: universo e quadro. Duas palavras que apontam para o mesmo sentido. Mas dependendo do contexto da poesia. Poesias realistas tem predominância de universo e poesias mais subjetivas o quadro aparece com muito mais intensidade. Tendo essas coisas loucas entre as poesias. Mas nunca sigo realmente um padrão tão formal. O bom de escrever sobre as coisas invisíveis, é que aquele que enxerga, pode descrever da forma que enxerga. O mundo já é bem cinza para que as poesias se tornem tão frias e tenham tanta ordem. Poesias precisam ser lidas, internalizadas e depois devem ser jogadas fora. Pelo menos, esse é o cenário que considero interessante para se usar uma boa poesia. Clarice Lispector era ótima em descrever em seus contos. E ela descrevia o invisível. A arte de descrever o invisível permanece nela, no Pablo Neruda, no Carlos Drummond e no Fernando Pessoa. As poesias não precisam ser tão sérias e tão regradas. A vida enfim é uma peça tão volúvel e efêmera. Que não faria sentido descrever sobre o mundo invisível, e colocar regras neste ato de liberdade. Escrevo sobre essas coisas pois é importante para as próximas cenas. O invisível se tornou muito importante quando percebi que os detalhes são extremamente essenciais. No meu último ano do ensino médio, o qual eu quase não participava muito, decidi ir justamente em um dia que meus amigos de rotina não estavam presentes. E como me senti muito deslocado, decidi seguir um grupo de 3 pessoas que eu não sabia nada sobre. Sem nivelamento sobre essas pessoas, me senti extremamente inseguro e o meu auto cuidado dessa época falhou. Durante nossa saída da sala de aula, o grupo de pessoas que eu acompanhava fez um comentário maldoso sobre um amigo muito próximo a mim. E eu simplesmente, para não me sentir tão mal por não ter rido, ri também. Sem perceber do peso do que estava rindo. Um comentário de cunho racista e totalmente de mal gosto com o amigo mais próximo que eu tenho até hoje. E eu nada fiz. Eu apenas ri para interagir e feri todos os outros protocolos que tenho. A parte boa de cometer essas cores é quando você tem uma memória muito visual, basta um excesso de adrenalina intenso e essas cenas viram marcas eternas. Foi quando percebi que certas mudanças internas eram extremamente necessárias. O grande problema de depender tanto de certos ritos para funcionar, é que quando eles falham, a maneira como funciono muda totalmente. Em situações sociais o risco de uma falha era enorme na época do ensino médio. Não só em diálogos como o que descrevi, como em diálogos mais pessoais e importantes como o que eu tive com minduim em 2017, o pior diálogo que eu tive, e logo depois meus pais também foram atingidos. Todos esses diálogos narrados foram resultado de falhas comportamentais por alguma quebra de protocolo. Mudanças internas exigem muito esforço. Assim que sai do ensino médio, entrei na faculdade de licenciatura em física pelo consórcio cederj e logo depois de dois semestres, eu sai para arrumar essas coisas pendentes. De terapia de quinze em quinze dias se tornou semanal e intensa. Decidi sair da área de física, pois realmente isso não fazia sentido algum. Eu programo desde 2010. E estava tentando seguir algo que não se encaixava em mim. Então, de 2017 até 2019 eu segui me testando em diversos tipos de diálogo e em ambientes que eu achava hostis. No início de 2019, tive um burnout. E fiquei afastado por um tempo das consultas com meus analistas. Entrei em um período que eu chamo hoje de pós Charlie. Sabe quando você só escreve poesias muuuito intensas e muito tristes? Eu estava nessa fase. Charlie era o nome do meu eu-lírico. No final de 2019, reatei minha amizade com um círculo social muito antigo. E eles vieram no meu aniversário no início de 2020. Foi a última vez que eu vi algum amigo pessoalmente. Aqui uma fotinha dessa galera incrível:

Continuando, depois dessa foto fiquei um pouco meio emocionado. Mas faz parte. Quando esse círculo social voltou, e eu percebi algumas mudanças internas e de meio social, eu percebi que eu também precisava de uma chance nova. As minhas consultas voltaram e comecei a me recuperar do processo do burnout. Ainda bem que além de quadros incríveis, eu tenho a melhor psicóloga e o melhor psiquiatra também. Voltei a falar com minduim um pouco tempo depois dessa foto. A minha vida social começou a voltar e comecei a fazer certas coisas que eu nunca tinha feito antes. Ligar para pessoas por telefone era difícil. No final do ano de 2020, precisei ligar para o SAMU. Minha avó estava passando mal. E quando liguei, por mais que eu estivesse extremamente ansioso e nada muito estável, eu falei com a atendente perfeitamente. Minha avó ficou algumas semanas internada antes de partir, e nessas semanas, eu fazia chamadas de vídeo com ela e ligava para os restaurantes mais próximos para entregar comida. Uma foto da minha avó:

Depois que minha avó faleceu, me perguntei por muito tempo, o porquê que sempre íamos ao shopping e minha avó sempre ficava preocupada. Eu achava que estava de fato tudo bem nas nossas idas, mas aquelas coisas que estavam pendentes antes, ainda continuavam, embora mais brandas. Então no final de 2020, eu decidi fazer algo diferente dos outros anos. Comecei a fazer chamadas por telefone para minduim e decidi aproveitar a pandemia e que tudo estava sendo de forma virtual, para iniciar procedimentos novos de auto cuidado. No início de 2021, eu sai do foco que eu estava, e finalmente pude sentir de fato, a perda da minha avó. No final de janeiro, decidi entrar em um bootcamp. Um curso intensivo de programação, coisa que eu tentava fugir por conta do medo que eu tinha sobre o ambiente corporativo. Quando criança, acabei criando um certo bloqueio por achar que eu não tinha as habilidades de soft skill. Coisa que hoje, é incrível ver que eu estava super errado. Logo depois de terminar o bootcamp, o meu primeiro mentor, Elberth. Que me mostrou um evento chamado provi Hack4Good. Uma competição virtual de programação. Onde eu, e mais um monte de pessoas incríveis teríamos que resolver o problema de uma ONG. E olha, esse hackaton provou mais uma vez que eu estava totalmente errado ao quadrado. Inicialmente, eu decidi dar um empurrãozinho em mim mesmo e procurei um time na plataforma do evento, e cai no time 10. O time 10 é simplesmente formado, desde o seu início por pessoas muito diferentes. Com o mesmo intuito, de obter experiências com tudo aquilo. E durante o evento, fomos apresentados a uma plataforma colaborativa chamada Terra Doce Lar. Onde teríamos que resolver um problema, e de forma pensar em tudo que isso implica. Uma foto do time 10 sem o Amaral( nosso outro membro) :

E nesse evento, durante nossas reuniões, eu fui sincero com todos sobre mim. E no final, eu me surpreendi com cada detalhe. Eu fui, na minha mais pura essência, tudo o que eu precisava ser. Olha, quando eu era criança, esse era exatamente o tipo de pessoa que eu queria ser. Alegre, comunicativo e técnico nas horas certinhas. Meu deus, e como eu me agradeci por ter proporcionado esse momento incrível de simplesmente me conquistar. E no meio desse evento, eu ganhei um outro mentor, chamado Diógenes. Uma fotinha com ele e nosso membro Amaral:

Pessoas gentis e que eu fiquei feliz de poder ser eu mesmo. Logo depois pude ficar um tempo como monitor no mesmo bootcamp que eu participei no início desse ano. E como monitor, foi o auge de toda minha potência. Nossa. Eu estou com uma dor de dente horrorosa agora, mas só de ter contado isso tudo em texto e visto tudo de forma tão visual, a dor física passa ser menos importante. E esse foi um breve resumo. Uma breve história do tempo sobre mim. O meu ato de continuar. É isto. E obrigado por ter lido até aqui. Fique com essa incrível música:

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