Olá pessoas maravilhosas que continuam lendo meus posts loucos e sabe se lá Deus o porquê. Hoje vou escrever sobre algo que não dá pra ser escrito em palavras. E como escrever sobre algo que não pode ser explicado? Pois é. Escrever sobre o ato do amor, ou qualquer outro sentimento é algo totalmente ineficaz. Palavras não passam de eco entre quem escreve e quem deveria receber. Certas coisas precisam ser ditas literalmente. Em plena voz e com total consciência das consequências dos corpos. Ou até mesmo, certas coisas precisam ser de fato executadas, como o ato do abraço ou o ato de aprender o descompasso do tempo. Por muito tempo escrevi sobre o invisível. Desde meus treze anos, quando tive contato com o livro o pequeno príncipe, o invisível se tornou parte da minha luta diária. Luta diária contra pensamentos tão frios e existenciais que me tornavam uma geladeira em meio ao caos do universo. O problema de sermos geladeiras a todo momento, é que o essencial perde o seu verdadeiro peso. E quando nos damos conta do tempo perdido, geralmente não há mais volta. Assim como tudo o que já passou. O que escreverei hoje é exatamente sobre essa parte. O segundo de obter a coragem das estrelas e dizer que ama, do viver o momento e muito mais importante que enxergar a parte invisível, é o viver de fato o invisível e todas as suas atribulações. Não resumindo o universo inteiro apenas em literatura. O ato de contar o mundo em rimas e linhas tortas se torna mera ocasionalidade. E as mãos que tanto escreviam e teceram todo o universo que hoje meus olhos enxergam, agora enferrujam e gotejam pelo tocável. O mundo tocável não sendo resumido apenas nos meus costumes incrédulos de tentar descrever o mundo. O fim ao ato de fazer análise preditiva do invisível. Quando na realidade mais dura e crua, e por mais cruel que ela de fato seja, basta apenas uma única troca de olhares e o universo inteiro muda de paisagem. Mera lapidação apenas pelo ato de aproveitar um momento.
Tempo
Chegará o dia em que eu não direi mais: meu amor. Pois não mais escreverei sobre o nosso infinito. Chegará o dia em que seremos mães e pais e nos olharemos estranhamente. Na falta da conversa cotidiana, encontraremos buracos enormes à espera do nosso par ideal. Chegará a vez que eu não carregarei meus poetas favoritos em tudo que escrevo. E não serei mais tão exposto cruelmente nas minhas poesias. Chegará o dia em que os aniversários que eu não queria comemorar serão memórias tão eternas. Que será difícil aceitar o princípio da partida e envelhecimento coletivo de todos. Chegará o dia, meu deus: Que talvez eu me perca, me desfaça e me reencontre em milhões de linhas. Que nada mais será tão importante quanto a facilidade de tocar o invisível que me cabe. Chegará o dia em que de fato não mais escreverei. Como será o princípio da morte da minha memória? Chegará o dia em que a única importância, será os abraços dos corpos que me cabem. Que tudo o que escrevo não passará de registros ocasionais da minha lapidação. Tempo de absoluta depuração. Tempo de habitar em corações enquanto ainda há tempo. @robertocpaes
E uma música perfeita para essa postagem: